Eventos e Notícias - 2012

 

 

 

 

 

Tarefa coletiva

No cenário da economia verde, gerir resíduos deixa de ser um problema restrito ao poder municipal e entra para a agenda das empresas como item essencial à sustentabilidade dos negócios. Dois anos após a promulgação da Lei 12.305, em agosto de 2010, que obriga a logística reversa e o fim dos lixões até 2014, setores da indústria e varejo, cooperativas de catadores e prefeituras se movimentam para mudar a realidade do lixo urbano no país. "Neste momento, é importante sermos pragmáticos para achar modelos viáveis de gestão, avaliar tecnologias e definir como fechar as contas", afirmou na sexta-feira a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, durante o seminário "Política Nacional de Resíduos Sólidos: A Lei na Prática", no Jardim Botânico, Rio de Janeiro.


A ministra Izabella Teixeira: pesquisa realizada pelo Ministério do Meio Ambiente indica que a nova classe média já incorpora as informações sobre reciclagem, apesar de hoje 52% da população ainda não separar o lixo nas residências

Realizado pelo Valor em parceria com a Ambev e o Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), o evento debateu as mudanças na gestão, tendências de mercado e os desafios para que o novo marco legal saia do papel e efetivamente gere ganhos econômicos, sociais e ambientais. De acordo com a ministra, "o foco do governo não é controlar para se fazer do jeito que ele quer, mas promover a busca de novos caminhos e soluções". A reciclagem de resíduos, segundo ela, "não é trivial". "É cômodo falar no tema e permanecermos reciclando apenas 1% dos resíduos, como em São Paulo e no Rio de Janeiro", lamentou a ministra.

Entre os principais desafios, na análise de Izabella Teixeira, está "definir um modelo de logística que considere as diferenças regionais do país e as leis do mercado". Ela reconhece a existência de "nós que precisarão ser desatados" para fazer funcionar a coleta seletiva nas cidades e o aproveitamento industrial dos materiais recicláveis em maior escala.

A discussão de tarifas e incentivos, expansão de cooperativas e tecnologias, como a possibilidade da incineração de resíduos para gerar energia, são alguns pontos. A reciclagem total, para a ministra, é "uma utopia", mas há motivos para otimismo: recente pesquisa realizada pelo Ministério do Meio Ambiente indica que a nova classe média brasileira já incorpora as informações sobre reciclagem, apesar de hoje 52% da população ainda não separar o lixo nas residências. De acordo com o estudo citado pela ministra no seminário, 86% dos brasileiros estão dispostos a adotar essa prática - e não o fazem por falta de informação ou de coleta seletiva municipal.

"A nova lei traz princípios inovadores, já é uma realidade nas ações empresariais, como a responsabilidade compartilhada na gestão dos resíduos", ressaltou Victor Bicca, presidente do Cempre, na abertura do evento. "O diálogo tem sido a chave essencial para se construir um modelo brasileiro para o setor, com o desafio de estruturar o parque industrial de reciclagem e agregar valor ao produto reciclado."

Os municípios se engajam no processo, segundo constatou a Pesquisa Ciclosoft sobre a coleta seletiva nas cidades, divulgada pelo Cempre no seminário. Após a nova lei, o número de prefeituras com o serviço cresceu 73%. O custo da logística para se recolher resíduos recicláveis ainda é alto, 4,5 vezes superior ao da coleta convencional, mas no passado chegou a dez vezes. "A tendência é que diminua, por meio da racionalização da coleta, transporte de mais resíduos por quilometragem, e novos arranjos e parcerias locais", explica André Vilhena, diretor-executivo do Cempre.

A prefeitura de Natal (RN), por exemplo, reduziu custos e aumentou a coleta seletiva ao contratar cooperativas de catadores para a prestação do serviço. "Transferimos para esses trabalhadores os valores anteriormente pagos a empresas terceirizadas", informa Heverthon Rocha, gerente de resíduos sólidos da cidade. Por meio de contrato com cooperativas, a remuneração atual é de R$ 0,05 por domicílio visitado, o que hoje totaliza, somando outros pagamentos, R$ 48,7 mil mensais - valor que se soma à renda dos cooperados com a comercialização dos materiais recicláveis.

"Se fizemos em Natal, por que não no Rio de Janeiro e em São Paulo?", sugere Severino Lima Júnior, representante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), no Rio Grande do Norte. "Coleta seletiva não é custo, mas investimento que reduz gastos com aterros", argumenta Lima. Catador que quando criança vendia picolé no lixão, Lima tornou-se liderança da categoria em nível nacional, e viajou recentemente para conhecer a experiência de reciclagem em países da Europa e Ásia. "A expectativa, nos preparativos da capital potiguar como sede da Copa do Mundo da Fifa, é que o modelo coleta alcance independência política", diz Lima.

Já em Linhares (ES), o arranjo local teve como chave a parceria com a iniciativa privada, que mobilizou poder público, catadores e ONGs. "Investimos na construção de uma central de triagem mecanizada, em terreno cedido pela prefeitura", conta Fabiano Rangel, gerente de sustentabilidade da SABB Coca-Cola. Os custos de manutenção e benefícios sociais são cobertos pelo município, mas o plano é a nova central, com capacidade de processar 160 toneladas mensais, tornar-se autossuficiente em dois anos. "Queremos serviço sem assistencialismo", diz Roberto Laureano, coordenador nacional do MNCR, que contabiliza 20 mil catadores em processo de organização no país.

 

Prefeituras começam a cumprir lei da coleta

O número de municípios brasileiros que implantaram coleta seletiva de lixo cresceu acentuadamente após a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos. "A tarefa é difícil, mas não impossível", afirma André Vilhena, diretor-executivo do Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre). Conforme a recente Pesquisa Ciclosoft sobre a coleta municipal, pelo menos 766 cidades operam o serviço, 73% a mais em relação ao estudo realizado em 2010, antes de a Lei 12.305 entrar em vigor.

"As prefeituras se movimentam para cumprir a lei e começa a ser revertida a tendência de lentidão e até de certa estagnação na cobertura populacional pela reciclagem", analisa Vilhena. Nos últimos dois anos, a quantidade de habitantes atendidos pulou de 22 milhões para 27 milhões, o que equivale a 14% da população brasileira. "O número está longe do satisfatório, mas o salto registrado nos últimos anos é significativo e será mais expressivo quando São Paulo e outras metrópoles melhorarem o serviço de coleta", avalia Vilhena.

As regiões Sudeste e Sul, as mais populosas, concentram 86% dos programas municipais, que deverão ser impulsionados por meio de incentivos previstos para as cidades-sede da Copa do Mundo. "Recursos existem, mas falta capacidade de gestão por parte das prefeituras no setor de limpeza urbana", diz Vilhena.

Realizado a cada dois anos desde 1994, o Ciclosoft funciona como um termômetro para o setor dimensionar políticas e investimentos. O estudo contabiliza somente iniciativas consistentes que abrangem pelo menos 20% da população com coleta seletiva - e não ações esporádicas e isoladas. Oficialmente, a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, do IBGE, divulgada em 2010 com dados apurados em 2008, indica a existência de 994 municípios com coleta para reciclagem.

De acordo com o estudo do Cempre, a maior parte dos municípios (88%) realiza a coleta de porta em porta, enquanto pouco mais da metade (53%) utiliza como alternativa adicional os Pontos de Entrega Voluntária (PEVs), espalhados em locais estratégicos da cidade, onde a população deixa os materiais recicláveis. Em 48% das cidades analisadas, o serviço fica a cargo da própria prefeitura e em 26% ocorre a contratação de empresas particulares.

É cada vez mais frequente a operação do sistema por diferentes agentes, inclusive por cooperativas de catadores. Em alguns casos, elas realizam a coleta nas residências mediante contrato de prestação de serviço com a prefeitura, além da triagem para a venda dos materiais recicláveis às indústrias.

O poder público oferece às cooperativas apoio para maquinário, galpões, custos com água e energia, transporte, capacitação, divulgação e educação ambiental. Em Goiânia, o programa municipal, iniciado em 2008 com quatro cooperativas, hoje tem a participação de 16, que fazem a coleta uma vez por semana nos bairros centrais e geram renda média em torno de R$ 800 mensais por cooperado. "A adesão da população é muito positiva", ressalta Letícia Loures, coordenadora da iniciativa municipal.

Apesar do apoio dos moradores, o rejeito - materiais que se misturam ao lixo orgânico e não servem para reciclagem - é um problema que reduz os ganhos dos catadores e aumenta o lixo que vai para o aterro. Segundo o Ciclosoft, o rejeito corresponde a 17,4% do lixo urbano coletado para reciclagem no Brasil, indicando a necessidade de métodos mais adequados de recolhimento e investimentos em educação e comunicação para que a população faça a separação correta.

Outro entrave é o alto custo do serviço, 4,5 vezes superior ao da coleta do lixo comum, atingindo em média US$ 212 por tonelada. Enquanto Campinas (SP) registra o maior custo nacional (US$ 286), Santo André, no ABC paulista, gasta US$ 34 por tonelada de lixo reciclável coletado. "Além da coleta nas residências, há 700 recipientes distribuídos na cidade para entrega dos resíduos", diz Carlos Henrique Melo, coordenador de coleta seletiva no município.

São José dos Campos (SP) é um dos líderes em quantidade de material coletado em relação à população. São 99 toneladas por dia, recolhidas em todos os bairros por caminhões da Urban, empresa municipal. Os resíduos são levados para um centro de triagem, operado por 186 funcionários contratados pela prefeitura, com vendas de R$ 191 mil mensais.

 

Transição envolve riscos para catadores

 


Sebastião dos Santos, da Associação dos Catadores do Jardim Gramacho: "Fechamento sem amparo a essas pessoas será a exclusão da exclusão"

A implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos é um momento decisivo para os cerca de 1,2 milhão de catadores de material reciclável que atuam no país. A ampliação da cadeia de reciclagem pode ser uma oportunidade de ouro para a regularização desses trabalhadores, que em grande parte atuam isoladamente, sem organização em cooperativas ou garantias trabalhistas.

No entanto, para Sebastião Carlos dos Santos, o Tião, presidente da Associação dos Catadores do Aterro Metropolitano do Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, é preciso ficar atento para os riscos dessa transição. "A previsão de fechamento de todos os lixões do país até 2014 pode piorar a situação da categoria", alerta. "O simples fechamento dessas áreas sem o amparo a essas pessoas será a exclusão da exclusão", diz.

No fechamento do Lixão de Gramacho, Tião explica que os cerca de 1,7 mil catadores que trabalhavam no local receberam R$ 14 mil de indenização cada um. Quinhentos deles serão empregados em uma usina de reciclagem que está sendo construída às margens da rodovia Washington Luiz, que liga o Rio de Janeiro à Petrópolis, na região serrana. "Quem não quis continuar na reciclagem está recebendo cursos de capacitação para trabalhar em outras áreas", explica o líder dos catadores.

Tião acredita que o caso do Aterro de Gramacho é um exemplo de como se pode conduzir o fechamento dos lixões sem piorar a situação de trabalhadores. Mas alerta que o modelo não pode ser único. "É preciso respeitar a realidade de cada local", diz.

O processo de fechamento dos lixões, no entanto, está atrasado em todo o país. Menos de 10% dos municípios apresentou seus planos para o fechamento dos aterros sanitários. Se contarmos os planos efetivamente aprovados, o número é menor. "Faltou vontade política dos municípios para priorizar esse problema em vez da disputa eleitoral", critica Luiz Henrique Silva, representante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis em Minas Gerais.

Independentemente do destino dos lixões, no entanto, os catadores têm uma série de reivindicações. Uma delas é que o recolhimento seja remunerado pelo serviço e não unicamente pelo valor do material recolhido. O pagamento pelo serviço de coleta diminuiria, por exemplo, o impacto das flutuações de preços do mercado internacional de matérias-primas.

Na crise internacional de 2008 e 2009, por exemplo, o quilo do plástico para reciclagem caiu de R$ 1 para R$ 0,60, e o da garrafa PET, de R$ 1,20 para R$ 0,35, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), provocando o fechamento de indústrias de reciclagem e de cooperativas. "O mercado não é organizado, por isso trabalhadores e cooperativas ficam à mercê da especulação das empresas, que usam a nossa mão de obra barata", reclama Silva.

Tião, por sua vez, acrescenta que cerca de 90% da matéria-prima reciclada passa pelos catadores. "O Brasil perde R$ 8 bilhões com desperdício de material reciclado."

A conta, afirma ele, não inclui os benefícios gerados ao longo da cadeia produtiva e o efeito sobre o emprego e a renda. "O trabalho dos catadores reduz enormemente o volume do lixo coletado pelas prefeituras e os trabalhadores precisam ser pagos por esse serviço."

O pagamento por esse serviço aos catadores está incluído no Projeto de Lei 792/07, que tramita no Congresso, e prevê a remuneração dos trabalhadores de recicláveis, organizados em cooperativas, que promovam melhorias ou manutenção de ecossistemas que geram serviços ambientais.

Segundo o Ministério das Cidades, a principal reivindicação da categoria é, a princípio, viável. "Experiências existentes de coleta seletiva no Brasil têm demonstrado que os catadores se viabilizam profissionalmente quando capacitados, organizados e estruturados fisicamente em associações e cooperativas e se forem remunerados por isso", avalia o ministério.

"Existem, no entanto, muitos obstáculos que impedem, prejudicam ou limitam o acesso dos catadores ao devido nível de organização necessário e aos meios para garantir e elevar os seus rendimentos", admite o ministério. "A exploração dos catadores pelos atravessadores, comerciantes e outros atores da estrutura das cadeias da reciclagem; a postura de empresas terceirizadas na coleta de lixo urbano; a relutância de algumas prefeituras na contratação de catadores ou cessão de uso e na localização das instalações de triagem; a discriminação a que os catadores são alvo por parte de moradores próximos a galpões - são alguns dos problemas enfrentados cotidianamente pelos catadores de materiais recicláveis."

Entre os projetos de inclusão social do setor, a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades destaca a construção de 90 galpões em 64 municípios para atender cooperativas e associações. Foram liberados R$ 50 milhões do orçamento do Programa de Resíduos Sólidos Urbanos com essa finalidade. A Secretaria também lembra que a Lei da Política Nacional de Saneamento Básico coordenada pelo órgão permite a contratação de catadores sem licitação, como forma de estimular a categoria.

Os catadores também pedem um regime de incentivos para as cooperativas e para toda a cadeia de reciclagem de lixo. "O material reciclado acaba sofrendo bitributação", reclama Tião. "Isso é um dos fatores que tornam, por exemplo, o papel reciclado um material bem mais caro do que o papel virgem. Além disso, as cooperativas não podem ser tributadas com a mesma carga de uma empresa normal, porque estamos falando de uma categoria que é vulnerável do ponto de vista social."

O estabelecimento de uma cadeia de logística reversa também pode ser uma boa oportunidade de promover a inclusão social dos catadores. Silva conta que a categoria tem negociado junto ao governo a participação das cooperativas na regulamentação da atividade. "Temos de ser ouvidos. Historicamente, somos os responsáveis pela existência de uma cadeia de reciclagem no país", diz.

De acordo com o ministério, os catadores têm, por lei, prioridade na participação nas atividades de Coleta Seletiva e Logística Reversa.

 

 

Embalagem ganha parâmetro verde com o 'ecodesign'

 

De um lado, o desperdício; de outro, a perspectiva de escassez de matérias-primas em um mundo que caminha para os 9 bilhões de habitantes até 2050, segundo projeções das Nações Unidas. A resposta para o desafio de fazer mais com menos deve passar pelo design dos produtos e das embalagens. Porém, a adoção de atributos de sustentabilidade, o chamado ecodesign, ainda não é recorrente nas pranchetas dos designers.


Fred Gelli: nem as grandes premiações internacionais de design incorporaram critérios de sustentabilidade

"O design ainda não incorporou essa nova inteligência focada na sustentabilidade e na redução dos impactos ambientais dos produtos. E isso ocorre não só no Brasil, no mundo todo", afirma o designer Fred Gelli, sócio e diretor de criação da Tátil Design de Ideias, uma das agências precursoras em ecodesign no país, que acumula em sua trajetória a criação da logomarca da Olimpíada Rio 2016, cuja licitação venceu.

Gelli, que também é professor do Departamento de Design da PUC-RJ, assinala que nem as grandes premiações internacionais de design incorporaram critérios de sustentabilidade na avaliação dos trabalhos. "Sou jurado de prêmios como Cannes e D&AD Global Awards e posso dizer que o design verde não é critério de avaliação, ainda", diz. "Isso é um absurdo, se levarmos em consideração que 33% do lixo produzido no mundo são embalagens."

Desde sua graduação, Gelli estuda formas de design aliadas à natureza: é um pioneiro da chamada biomimética no Brasil - o ramo do design que estuda as formas da natureza para tentar replicá-las no desenho dos produtos. Com esse background, sua agência vem trabalhando na criação de embalagens mais ecoeficientes para grandes empresas, como Coca-Cola e Natura.

Com a adoção de ferramentas como a análise de ciclo de vida (ACV) é possível determinar, por exemplo, se é mais viável ambientalmente para uma empresa utilizar embalagens de plástico, vidro ou papelão - ou inovar no uso de novos materiais, por exemplo. Foi assim com a linha Ekos da Natura, cujas embalagens passaram a ser fabricadas com maior percentual de PET reciclado, além de ter informações sobre sustentabilidade presentes no rótulo - a chamada rotulagem ambiental.

Uma tendência crescente é o chamado Cradle to Cradle, ou C2C (em tradução literal, "do berço ao berço"). Formulado em 2002 pelo arquiteto William McDonough e pelo químico Michael Braungart em seu livro homônimo, o conceito C2C é simples de entender, mas ainda difícil de ser posto em prática. Os autores defendem que cada novo produto ou embalagem seja desenhado de modo a não mais gerar resíduo ao fim de sua vida útil, e sim se tornar a matéria-prima de um novo processo produtivo, fechando o ciclo sem perdas materiais - ou com o mínimo de perdas possível.

A lacuna de informações sobre as aplicações de ecodesign no Brasil levou a designer paulista Elisa Quartim a compilar todo tipo de informação que recebia sobre o tema. Assim, ela criou o site Embalagem sustentável (www.embalagemsustentavel.com.br), na rede desde 2008, para mostrar exemplos tangíveis de design sustentável, praticados por empresas do Brasil e do exterior.

"No Brasil, o design voltado para a redução do impacto ambiental de um produto ou embalagem ainda é pouco explorado. Mas está começando", diz Quartim, que atualmente faz um projeto de pesquisa sobre as embalagens de produtos orgânicos no Brasil. Segundo a designer, o processo de mudança de mentalidade começa pela redução de espessura, ou volume de uma embalagem. "Isso traz ganhos para a empresa, como economia de materiais e menores custos de logística", diz. Além disso, os ganhos econômicos costumam vir acompanhados de benefícios ambientais, como a redução emissões de CO2. "O que também se traduz em um ganho de reputação para as empresas", analisa Quartim.

Uma empresa que tem buscado essa diretriz - reduzir peso e volume das embalagens - é a fabricante de alimentos Danone. Em 2009 a empresa trouxe ao Brasil uma nova tecnologia, batizada de Foam ("espuma", em inglês), que expande a chapa plástica utilizada nas embalagens, tornando-a aerada - diminuindo o peso das embalagens em até 19% e também o consumo de matéria-prima. Também passou a utilizar o "polietileno verde", resina fabricada pela Braskem a partir da cana-de-açúcar, em embalagens em formato garrafinha, que não podem ser moldadas no sistema Foam.

"A motivação inicial para a adoção dessas novas tecnologias foi diminuir a pegada de carbono das embalagens da empresa", explica Lucas Urbano, gerente de sustentabilidade da Danone. "Nesse processo, tomamos conhecimento de várias ferramentas de ecodesign que estão sendo estudadas, como a análise de ciclo de vida e os biomateriais", diz Urbano.

Há quem veja a Lei de Resíduos Sólidos como a oportunidade que faltava para que o design sustentável deslanche no Brasil. É o caso de Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds). "A lei impulsionará uma nova indústria, pois responsabiliza toda a cadeia pela gestão dos resíduos", diz. Segundo Marina, as empresas brasileiras já têm a percepção de que o design precisa incorporar o desafio do descarte correto. Não por acaso, o ecodesign e a gestão dos resíduos são temas do documento Visão 2050, do Cebds, lançado durante a Rio+20, que pretende nortear as empresas nas práticas de sustentabilidade. "O lixo pode virar novos produtos e energia. Essa indústria será prioritária para o Brasil."



 

Preço e estímulo à coleta são bases para reciclagem

O preço é um dos fatores que explicam casos de sucesso e outros nem tanto na cadeia de reciclagem. É o que opõe a lata de alumínio, que tornou o Brasil campeão mundial na reciclagem desse material, a outros materiais como vidro e papel.

Um estudo da Consultoria Inter.B revela que enquanto o índice de reciclagem das latinhas saltou de 50% para 98,2% em menos de duas décadas, o do vidro saiu de 25%, mas só chegou a 47%. Já o de embalagens pet passou de 18,8% para 55,6% em quinze anos, enquanto o de papel variou de 37,5% para 43,7%.

O mais recente indicador de mercado do Cempre dá uma pista da disparidade. A tonelada da lata de alumínio prensada e limpa varia de R$ 2.000, em Rio Branco (AC), a R$ 3.100 em Porto Alegre (RS). A de pet fica entre R$ 500 na capital do Acre e R$ 1.900 em Itabira (MG). A tonelada de vidro incolor, que vale R$ 100 em Rio Branco, tem cotação máxima de R$ 265 em Itabira. O papel tem preço mínimo de R$ 100 na capital acreana e valor máximo de R$ 810 na cidade mineira.

Preços e estímulos à coleta pós-consumo e ao reaproveitamento dos materiais são fundamentais para a cadeia da reciclagem. Especialistas apontam realidades diferentes na capacidade instalada no país para o processamento dos produtos recicláveis, mas é fundamental baratear a logística de coleta e transporte para garantir a sustentabilidade dos negócios. Os gargalos e desafios são quase unanimidade. É preciso desde treinamento e capacitação dos gestores municipais para a valorização do investimento no tratamento de resíduo pós-consumo até o fortalecimento da indústria de reciclagem.

Desonerar a cadeia produtiva e aumentar o número de cooperativas de catadores são outros dois desafios. Todos defendem o fechamento dos lixões, que recebem 50% dos resíduos sólidos das grandes cidades, o que já está previsto em lei.


Cláudio Frischtak: “Economia sustentável é bom negócio para a sociedade”

"Papéis, embalagens longa vida, latas de alumínio e garrafas pet já têm valores de mercado que viabilizam a reciclagem, mas para outros produtos a questão do preço e as condições de transformação são mais complicadas. Ainda existe uma demanda reprimida, mas com implantação do Plano Nacional de Resíduos Sólidos deve-se aumentar a capacidade de processamento", diz Walfredo Schindler, da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS).

"Só se fala de coleta, mas o gargalo está no consumo do produto reciclável. Qualquer material com valor inferior a R$ 300 por tonelada é economicamente inviável. Reciclagem é um processo logístico e o Brasil tem a logística mais cara do mundo", diz Adriano Assi, sócio-diretor da EcoBrasil, organizadora da Exposucata, feira internacional de negócios da indústria da reciclagem que será realizada de 11 a 13 de setembro em São Paulo.

"A reciclagem de latas de alumínio ilustra um ponto essencial: transitar para a economia verde, sustentável e inclusiva é um bom negócio para a sociedade", afirma o economista Cláudio Frischtak, da Inter.B.

O Brasil, que tem potencial de reciclagem de R$ 8 bilhões por ano, de acordo com estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), só recicla R$ 3 bilhões. A cadeia de reciclagem de latas de alumínio gira R$ 1,2 bilhão. A estrutura de coleta das latinhas envolve quase um milhão de catadores e cerca de 700 cooperativas. Foi o que permitiu a inclusão social de muita gente condenada ao trabalho nos lixões e reduziu parte das desigualdades. Uma pesquisa da Fundação Estadual do Meio Ambiente de Minas Gerais revela que as cooperativas aumentam a renda com uma jornada de trabalho menor na comparação com os não associados: 17,9% dos catadores cooperativados recebem entre R$ 601 e R$ 1.000 e 11,7% ganham acima de R$ 1.001, enquanto apenas 12,4% dos catadores de rua ganham até R$ 1.000 e só 4,6% têm rendimento acima desse valor.




 

Projetos ambientais da Tetra Pak atingem meio milhão de pessoas
16/07/2012

Os projetos itinerantes (Re)ciclo de Cinema, Palco da Reciclagem e Cena Ambiental, promovidos pela Tetra Pak, que, por meio de peças de teatro e exibições gratuitas de filmes, levam a conscientização ambiental a diversas cidades do país, estão contabilizando 500 mil pessoas atingidas.

Juntos, os projetos já passaram por 359 cidades e 21 estados, além do Distrito Federal. Além das exibições gratuitas, os eventos oferecem oficinas sobre reciclagem e meio ambiente para alunos de escolas municipais locais. Até agora, 1.027 instituições de ensino e 260 mil crianças receberam o projeto.

 

 

 

 

Leila Monroe’s Blog
Big Wins at Rio+20's: a Platform, Partnerships and Business Opportunities to Stop Plastic Pollution

 

What do mushrooms, tires, and soda bottles have in common? They are all being used, recycled or even upcycled through innovative programs that prevent waste from entering the environment.

Despite some disappointments in the formal negotiations process, the UN Conference on Sustainable Development -- Rio+20 -- has been a hugely valuable gathering of the smartest minds in business, law and policy. 50,000 passionate experts came to Rio de Janeiro this week to exchange information, make commitments, and build partnerships to protect our planet and it’s people from many threats and challenges.

To help solve the problem of plastic pollution – which impacts human and ecosystem health both on land and in the marine environment – important opportunities were showcased at the launch of the UN Environment Programme (UNEP) Global Partnership on Marine Litter and the Plasticity Forum. At these events, NRDC presented the Global Goal and Commitment to Stop Plastic Pollution, housed on a web-based platform to motivate and showcase actions from government, business, and organizations, committed to reducing marine plastic pollution at its source.

Plastic that ends up as pollution in the ocean has serious consequences for marine life and possible grave consequences for the food chain and human health.

· Hundreds of species and thousands of individual animals -- including significant numbers of endangered species such as Hawaiian monk seals and every species of turtle -- have been killed or seriously harmed by being entangled or ingesting plastics.

· Plastic in the ocean breaks down into increasingly smaller pieces without biodegrading. Research has found that toxins bond to these micro-particles of plastic, and they are frequently ingested by fish.

· Plastic debris also causes substantial economic impacts to coastal economies: debris in storm drains, on the beach, and in the ocean causes flooding, navigational hazards, and is a blight to the tourism industry; governments are forced to pay for expensive cleanup measures.

To date, 32 entities from government, business, and civil society have signed on, committing to advancing marine plastic pollution reduction measures in whatever manner is most appropriate for them. These measures include:

· Laws and polices that make producer’s responsible for recycling disposable plastic packaging at the end of it’s useful life. This creates an incentive to use less packaging or more recyclable packaging.

· Regulations to restrict certain products, such as plastic bags, that are difficult to clean up or recycle.

 

NRDC's Frances Beinecke hosted a panel at the Plasticity Forum on extended producer responsibility and waste reduction techniques, with Reciclinap, ReciColeta, As You Sow, and GAIA.

NRDC was supported by over 8000 school children from California in delivering this message to Rio+20. We now invite any government, business, or organization to sign-on to the Global Goal and Commitment to Stop Plastic Pollution and help carry the momentum of Rio+20 forward with bold action to protect our communities and the environment from plastic pollution.

 

 

 

 

São Gabriel terá coleta seletiva de porta em porta

Caminhão foi adquirido e passará em 26 bairros

A coleta seletiva de lixo passará a fazer parte do dia a dia dos moradores de São Gabriel da Palha, Noroeste do Espírito Santo. A prefeitura comprou um caminhão para realizar o trabalho de porta em porta ainda neste ano. O veículo foi comprado em parceria com o governo do Estado e o investimento foi de R$ 156 mil.
Agora, o caminhão será adaptado e receberá uma espécie de gaiola de carroceria para acomodar os mateirais recicláveis recolhidos pela cidade.

São Gabriel da Palha recolhe por dia cerca de 30t de lixo, e segundo o secretário de Serviços Urbanos Clávis De Nadai, 40% deste total deverá ser reciclado. Ele ressalta que a coleta em todo município só será possível quando o projeto Espiríto Santo sem Lixão entrar em prática.
O caminhão passará em dois bairros por dia e a cada quinzena terá atendido 26 bairros da cidades. De Nadai explica que só o lixo seco será recolhido, por isso os moradores não terão problemas em guardar o material por este tempo. O lixo úmido será recolhido pelo caminhão compactador como é feito hoje.
Há cerca de seis meses o bairro Populares já participa de um projeto-piloto de coleta seletiva. "Queríamos ver a reação da população e todos aderiram," afirmou.

 

 

 

Cariacica começa a realizar coleta seletiva de lixo
Letícia Gonçalves
Rádio CBN Vitória (93,5 FM)
foto: Letícia Gonçalves l Rádio CBN Vitória

 


Carro da coleta seletiva de lixo em Cariacica


Um projeto piloto de coleta seletiva de lixo começa nesta quarta-feira (23), em Cariacica. Por enquanto, o serviço será restrito ao bairro Vila Capixaba. Os moradores devem separar o lixo seco do lixo úmido. Na mesma sacola, podem colocar papel, vidro, plástico e alumínio. Mas o lixo orgânico deve ficar em outro recipiente.
Todas as quartas-feiras, a partir das 17 horas, o carro da coleta seletiva passará nas casas para recolher o material, que será levado para a Associação de Catadores de Nova Rosa da Penha. De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico de Cariacica, Mauro Rondon, Vila Capixaba foi o bairro escolhido para ser o primeiro a ter a coleta seletiva porque tem um porte médio, com 5,3 mil habitantes, e reúne casas, comércio e indústrias.
Ele diz ainda que o lixo pode ser uma fonte de renda. "São todos materiais que quando chegam numa área de reciclagem são comercializados e geram renda, emprego e qualidade de vida para quem vive com isso".

Depois dessa experiência, o próximo bairro a contar com o serviço em Cariacica será Caramuru. A presidente da Associação de Catadores de Material Reciclável de Nova Rosa da Penha, Isabel Costa, explica que é muito importante que as pessoas separem o lixo para facilitar o trabalho dos catadores da associação e também para que o material possa ser reaproveitado.
"É difícil, dá muito mais trabalho separar o resíduo quando ele vem misturado. Com a coleta seletiva já vem só o reciclável e e só a gente segregar".

Isabel diz que gostou da iniciativa porque, com o aumento do material reciclável que chega à associação, também cresce o faturamento dos associados. Mas ela espera que o serviço seja logo ampliado para todos os bairros de Cariacica.
O presidente da Associação de Moradores de Vila Capixaba, Clóvis dos Reis, diz que a população foi orientada, em reuniões, sobre como separar o lixo. O projeto piloto de coleta de lixo de Cariacica atende a uma lei que estipula que todos os municípios tenham essa coleta até 2014, começando este ano. Cariacica produz 9,5 mil toneladas de lixo por mês, sendo que 40% podem ser reciclados.

 

 

 

 

Suzano lança papel cartão feito com aparas recicladas

Agencia estado, 5 de maio de 12

A Suzano Papel e Celulose anunciou nesta segunda-feira o lançamento do papel cartão feito de aparas recuperadas de embalagens longa vida da Tetra Pak. A unidade de reciclagem instalada na fábrica de Embu, em São Paulo, tem a meta de processar mil toneladas por mês do produto, que contém no mínimo 30% de aparas recuperadas. O processo de produção consiste na separação das fibras do papel, do polietileno (plástico) e do alumínio. O papel cartão, chamado de Art Premium PCR (Post Consumer Recycled, reciclado pós-consumo), será utilizado na fabricação das embalagens de Band-Aid. Já o polietileno e o alumínio serão vendidos para a Ciclo, fabricante de telhas recicladas usadas na construção civil.

De acordo com a Suzano, a produção de papel a partir de aparas pós-consumo reduzirá significativamente o envio de rejeitos para aterros sanitários e deve estimular a participação de cooperativas de catadores de material reciclável. O produto foi desenvolvido em conjunto com a Tetra Pak, líder mundial em envase de alimentos, e a Ciclo. O projeto contou ainda com a parceria da Johnson & Johnson Brasil, que buscou a Suzano para criar uma embalagem diferenciada para o Band-Aid.

 

 

 

 

 

 

Prefeito que iniciar tratamento adequado do lixo não será punido com base na nova lei de resíduos sólidos

27/3/2012 19:31, Por Agência Brasil

Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Os municípios que não conseguirem se adequar às normas previstas na Política Nacional de Resíduos Sólidos, como a eliminação definitiva dos lixões até 2014, mas estiverem com as ações em andamento, não devem temer a lei de crimes ambientais. Na avaliação do secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Nabil Bonduki, o prazo definido pela legislação que trata da gestão de resíduos é curto, mas as prefeituras precisam, pelo menos, iniciar as ações para enfrentar o problema do lixo sob a ótica da nova lei.

“Não queremos punir por punir e transformar administradores municipais em criminosos ambientais. O município que estiver agindo no sentido de resolver o problema terá como fazer acordos. Mas, os gestores municipais que estiverem dormindo até 2014, correm o risco de ser responsabilizados”, alertou.

Além de acabar com os lixões, substituindo-os por aterros sanitários adequados, as prefeituras têm dois anos para implantar a coleta seletiva de lixo e a logística reversa, que são os processos de recolhimento de lixo pelos próprios fabricantes e por empresas de reciclagem. De acordo com o mapa do Ministério do Meio Ambiente, algumas regiões estão adiantadas na implantação dos novos procedimentos em relação ao lixo.

Londrina e Araxá, por exemplo, foram apontadas como modelo na coleta e no tratamento adequado do lixo. Por outro lado, cerca de 70% dos municípios brasileiros estão bem distantes das obrigações que a nova legislação impõe.

 

 

 

 

Sem sistema estruturado, grupo de 4 mil pessoas sustenta a reciclagem no Rio

Meta de secretaria é fechar todos os vazadouros de lixo a céu aberto até julho deste ano


Catadores de material reciclável chegam de caminhão ao aterro de Jardim Gramacho: informalidade movimentava R$ 24 milhões por ano, até 2011, diz a Comlurb Pedro Kirilos / O Globo

RIO - O catador é hoje o principal agente do precário sistema de reciclagem no Rio. Se, no Brasil, o peso dessa mão de obra informal é imenso na cadeia do reaproveitamento dos resíduos, em países europeus este ator passou a ter um papel secundário. Em países como Alemanha e Portugal, a coleta do material reciclável é feita ou por funcionários dos municípios ou por empresas financiadas pelas indústrias. Ou seja, os catadores, tema do terceiro dia da série "Desleixo insustentável", transformaram-se em empregados de usinas recicladoras ou empresários.

Um dos últimos países europeus a implementar um sistema de coleta seletiva eficiente, Portugal viu, nos últimos 20 anos, a figura do catador minguar das ruas. Dulce Pássaro, ex-ministra portuguesa do Ambiente, detalha o rito de passagem do catador:

— Nos anos 90, havia nas grandes cidades famílias coletando material nas lixeiras urbanas. Após a legislação da Comunidade Europeia, em 1994, estas pessoas foram requalificadas e passaram a trabalhar nas empresas do setor. Foi uma transição demorada, mas fundamental para a implementação de uma indústria de reciclagem ambientalmente adequada.

No Rio, a transição começou há menos de um ano, com a decisão de encerrar todos os lixões. A meta da Secretaria estadual do Ambiente é fechar todos os vazadouros de lixo a céu aberto até julho deste ano. A inclusão de quatro mil catadores da Região Metropolitana num modelo eficiente é o desafio que se impõe às empresas e ao poder público. Hoje, segundo a Comlurb, da parcela de 3% de reciclagem diária do lixo carioca, catadores — cooperativados ou não — respondem pela maior parte (2,73%).

Fim de lixões faz surgir um drama

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (lei 12.305/2010) — que visa a mudar esse quadro — determina "a integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos". Na avaliação do promotor Sávio Bittencourt, presidente da Associação Brasileira do Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa), esta inclusão deve priorizar, antes de tudo, a eficiência ambiental:

— Catador não precisa morrer catador. Pode virar empresário num novo sistema, como na Europa. Usar cooperativa de catadores como unidade de gestão preferencial para reciclagem me preocupa quanto à eficácia. Resolver, ao mesmo tempo, um problema ambiental e outro social nem sempre dá certo.

No Rio, porém, as questões sociais estão longe de serem solucionadas. A força da lei 12.305 gera um colapso no lado mais frágil da reciclagem. O bairro Fazenda dos Mineiros, em São Gonçalo, vive momentos de tensão social. Pelo menos 300 famílias, que há décadas obtinham seu sustento no lixão de Itaoca, estão sem renda com o fim do vazadouro, após a inauguração do aterro sanitário do Anaia Pequeno.

Em Jardim Gramacho, Duque de Caxias, o sentimento de apreensão é o mesmo entre 1.200 catadores — ali a separação manual do lixo movimentou, até o ano passado R$ 24 milhões anuais, segundo a Comlurb.

A lei está sendo ignorada pelas prefeituras, diz o Movimento Nacional dos Catadores de Recicláveis.

— Em São Gonçalo ocorre o mesmo que em Magé: lá, em 2009, o lixão fechou, e os catadores ficaram sem alternativa — protesta Custódio da Silva, um dos líderes do movimento.

O próprio coordenador do programa Recicla Rio, da Secretaria estadual do Ambiente, Jorge Pinheiro, admite que "o catador está arriscado de ser alijado do processo":

— O desafio é fazer com que eles consigam participar do novo sistema de gestão. No caso de Gramacho, há perspectiva de solução, com um fundo de amparo ao catador.

Enquanto os recursos não vêm, sobram histórias de um segmento sem chão. Moradora da Favela Beira-Mar, em Caxias, Angélica Sabino, de 42 anos, é catadora de Gramacho há 20 anos e diz não saber o que fazer com o fim do lixão, programado para julho.

— Entrei aqui para bancar o tratamento da minha filha, que tinha sopro no coração. Como quem depende do SUS morre na fila, decidi pagar um plano de saúde. Aqui no lixão comecei a ganhar mais do que como auxiliar de serviços gerais e faxineira — diz.

Na Fazenda dos Mineiros, bairro dominado pelo tráfico, casebres com tábuas colhidas no lixo abrigaram, durante 40 anos, a força motriz da reciclagem local. A engrenagem parou em fevereiro, quando o lixão foi fechado.

— É duro ser tratado como lixo depois de anos catando matéria-prima — diz Jandira Albino, de 57 anos. — No lixão, achávamos frango congelado, uma carninha para a família...

Muitos ex-catadores de Itaoca reclamam que foram excluídos do cadastro da Haztec (empresa que administra o novo aterro) e que não conseguem sacar a ajuda de custo mensal de R$ 200. A Haztec informou, no entanto, que foram beneficiados 248 ex-trabalhadores que apresentaram CPF e identidade. Os catadores dizem ainda que a prefeitura de São Gonçalo não está dando a verba complementar de R$ 100. O município afirma que não prometeu verba, mas sim cestas básicas.

Longe dos antigos vazadouros, os catadores, que diariamente recolhem o lixo reciclável no Centro, mostram outros lados das agruras da profissão. O único "veículo de tração animal" que cruza diariamente as avenidas Presidente Vargas e Rio Branco é o burro sem rabo. Homens e mulheres ganham cerca de R$ 35 por noite revirando os restos da área central da cidade. Correm contra o tempo, entre o fim do horário comercial e a coleta da Comlurb, em busca de garrafas PET, papelão, papel branco, latinhas, ferro e cobre.

— É massacrante —- define Beto Nascimento, que há seis anos recolhe em torno de 180 quilos de papelão a cada noite de trabalho.

 

 

 

Ineficientes, usinas de reciclagem de lixo desperdiçam milhões

 

Inaugurada em 1993, a usina da Comlurb em Jacarepaguá, onde deveria ser feita a separação do lixo, está desativada: a companhia argumenta que área se tornou residencial Paulo Nicolella / O Globo

RIO - Mesmo se toda a população do Rio participasse da cruzada pela reciclagem, a Comlurb não estaria estruturada para tanta demanda. Das três usinas de separação de lixo, que custaram aos cofres públicos R$ 79 milhões, uma foi desativada, outra funciona com um terço de sua capacidade e a terceira opera precariamente.

Inaugurada durante a Rio-92, com pompa e circunstância, a usina de triagem do Caju sempre foi uma dor de cabeça para os gestores ambientais da prefeitura. Segundo a atual administração da Comlurb, o Rio comprou gato por lebre: a tecnologia francesa já estava defasada.

Usina do Caju, uma constante dor de cabeça

A usina do Caju teria dupla função: a de compostagem (processo de transformação da matéria orgânica em fertilizante) e a de separação do material reciclável, para ser devolvido ao setor produtivo. Mas não foi o que aconteceu.

— Compraram em 1992 (no governo do prefeito Marcello Alencar) uma tecnologia totalmente ultrapassada. A usina então não fez nem a compostagem nem a reciclagem da maneira adequada. Tanto que, dois anos depois, fechou as portas. Em 2000, por força de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) exigido pelo Ministério Público estadual, a usina voltou a funcionar. Só que ela tem capacidade de processar mil toneladas por dia, metade para o orgânico e a outra metade para o reciclável. Hoje processa em torno de 300 toneladas, sendo apenas 10% de material reciclável. Na verdade, a usina não tem uma manutenção constante — diz o gerente da usina do Caju, José Emídio de Araújo Neto, acrescentando que a Comlurb já negocia para que a iniciativa privada assuma a unidade.

Secretário municipal de Obras na gestão de Marcello Alencar entre 1989 e 1992, o atual deputado Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB) argumenta que o problema não foi a tecnologia ultrapassada das usinas:

— A tecnologia era francesa e considerada de ponta. O problema foi falta de manutenção ao longo do tempo. Ajustes teriam de ter sido feitos.

A falta de cuidados técnicos indispensáveis à operação da usina do Caju é facilmente observável. Apenas uma das duas unidades de separação funciona. E o lixo domiciliar orgânico é jogado no mesmo fosso do reciclado, não havendo divisão entre eles.

— É claro que seria melhor se houvesse um fosso só para lixo reciclável — disse um funcionário, sem se identificar.

A 31 quilômetros do Caju, a Usina de Jacarepaguá, inaugurada em 1993, mantém galpões vazios, onde deveria haver a separação do lixo. A estrutura chama a atenção pela grandiosidade, em contraste com a falta de atividade. De acordo com a presidente da Comlurb, Angela Fonti, com o surgimento de condomínios de classe média alta no entorno da usina — localizada numa área residencial — houve muitos protestos contra a presença das instalações, levando a empresa a desativá-las.

Na usina de Irajá, em operação desde 1977, sequer há esteiras para a separação do lixo. Nesse quadro, o percentual de 0,27% de reciclagem parece até muito.

 

 

O passo a passo da coleta de lixo que ainda engatinha

De Santa Teresa a Benfica, caminhão percorre 27km e chega ao destino final com apenas 25% de sua capacidade


O gari Luiz Carlos dos Santos, de 55 anos, recolhe embalagens de plástico e vidro numa rua de Santa Teresa e as deposita no caminhão da coleta seletiva Pedro Kirilos / O Globo

RIO - O carioca que quiser participar da coleta seletiva de lixo precisa de zelo e disciplina. Em primeiro lugar, o caminhão só passa uma vez por semana em cada rua. E só recolhe os recicláveis — plásticos, papéis/papelão, alumínio e vidro — depositados em sacos transparentes, medida que visa a garantir que restos de comida não estão misturados ao material que vai virar insumo para indústrias.

 

Ao acompanharem a coleta seletiva no dia 2 de março, repórteres do GLOBO observaram apenas alguns poucos desses sacos dispostos nas ruas de Santa Teresa. Às 8h30m, o caminhão saiu da gerência da Comlurb em Botafogo. Já na Rua Progresso, o gari Luiz Carlos dos Santos, de 55 anos, recebeu um caloroso abraço da aposentada Miriam Fontenele, de 74.

— Faço a separação do material com muito cuidado. Desde cedo espero a turma da Comlurb — conta a moradora.

Depois de oferecer água gelada aos garis, Miriam se despede. A viagem segue pelas ruas Monte Alegre, Riachuelo, Almirante Alexandrino e Dr. Júlio Otoni. Às 11h, o caminhão, com cerca de 2 toneladas de recicláveis (um quarto da capacidade) entra na Usina do Caju, para pesar.

— O caminhão está vazio. Na Tijuca, por exemplo, a quantidade de material que a gente pega é bem maior — diz o motorista do caminhão, Marcelo Bonomeddi, de 39 anos.

Depois de 150 minutos e 27 quilômetros, a máquina despeja o material num galpão da Associação Beneficente Padre Navarro, em Benfica. Lá funciona uma cooperativa, com 25 pessoas. Célia Ferreira Godinho, de 54 anos, é uma delas. Ela conta que construiu a casa dos filhos, na Penha, com o dinheiro do trabalho. Todos os dias, chega ao galpão às 7h e só vai embora às 17h. Ela recebe de R$ 400 a R$ 600 por mês.

— Agora estou fazendo um quarto para mim na Mangueira. Só saio daqui no dia que isso acabar — afirma.

Se do lado de fora os termômetros marcavam quase 40 graus, dentro do galpão o calor parecia ainda maior. Alheia ao desconforto causado pelo telhado de amianto, Deise Silva, de 45 anos, moradora do Caju, comentou, um tanto sem jeito, que prefere ser catadora a ficar em casa.

— Tenho dois filhos e um neto para criar. Aqui a gente ganha por produção: quem separa mais, ganha mais — explica. — Não vou ficar em casa recebendo ordem de marido.

Do galpão da Associação Padre Navarro, imóvel que pertence à Marinha, os recicláveis são vendidos a empresas. O quilo de papel vale 70 centavos; o de garrafas PET, R$ 1,60 e o de alumínio, R$ 2,20. O destino final é bem longe dali, em usinas de Minais Gerais, São Paulo e Paraná.

— Já houve fila aqui na porta em busca de emprego. Hoje há mais dificuldade de se conseguir mão de obra. As pessoas estão atrás de melhores oportunidades — afirma o encarregado da cooperativa, José Divaldo de Metos.

Apesar dos poucos avanços, a legislação é severa com os moradores e comerciantes que ignoram a separação do lixo: A lei 3.273/2001 diz que depositar resíduos diferentes daqueles a que se destinam os recipientes de coleta seletiva constitui infração punida com multa inicial de R$ 50. Mas, até hoje, a penalidade nunca foi aplicada a pessoas físicas ou jurídicas.

 

 

Rio só reaproveita 3% das 8,4 mil toneladas de lixo geradas por dia

Comlurb separa apenas 0,27% desse total. O resto fica a cargo de catadores


Aterro Jardim Gramacho, considerado o maior aterro da america latina. Pedro Kirilos / O Globo

RIO - Cidade que vai sediar a Rio+20, conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável, em junho, recicla apenas 3% de seu lixo (252 toneladas das 8.403 geradas diariamente). A Comlurb tem participação mínima nesse percentual já diminuto: só separa 22,68 toneladas, ou 0,27%. Os outros 2,73% ficam a cargo de catadores autônomos ou de cooperativas. Com isso, o Rio — que há 20 anos foi anfitrião do maior encontro sobre meio ambiente da História — joga fora uma oportunidade de se equiparar a metrópoles como Berlim (Alemanha) e Tóquio (Japão), famosas por não desperdiçarem seus recursos naturais. Capitais europeias recuperam, em média, 40% de seus resíduos. Na série de reportagens “Desleixo insustentável”, que se inicia neste domingo, O GLOBO mostra por que os cariocas ainda não têm seu lixo reciclado.

Os motivos são muitos, a começar pela incipiente coleta seletiva. Desde a sua implantação, em 2002, o serviço não deslancha. Poucos cariocas têm o privilégio de receber um caminhão de reciclagem da Comlurb em suas portas. Dos 160 bairros da cidade, apenas 41 são atendidos semanalmente, e, mesmo assim, de forma parcial — por falta de investimentos, a coleta só ocorre em algumas ruas. Hoje, ela apresenta um desequilíbrio entre as áreas do Rio. Está mais presente nas zonas Sul (40%) e Oeste (42%) e bem menos na Norte (18%). Segundo a Comlurb, não existe coleta seletiva em favelas, o que exclui da conta um contingente de cerca de um milhão de pessoas.

— A Comlurb nunca promoveu uma campanha para que a população faça a separação de seu lixo — diz Sérgio Besserman, presidente da Câmara Técnica de Desenvolvimento Sustentável do município.

Parceria de R$ 50 milhões

A maior esperança da prefeitura, por enquanto, está relacionada a um projeto que parece incapaz de resolver o problema. Assinado no ano passado, um acordo entre o município e o BNDES prevê a aplicação de R$ 50 milhões para a construção de seis galpões de triagem de materiais recicláveis. Em contrapartida, a prefeitura promete colocar mais 15 caminhões em circulação, expandindo o serviço dos atuais 41 para 120 bairros. Todos esses esforços, se bem-sucedidos, devem ampliar a coleta seletiva em apenas 2%, elevando para 5% o percentual de reciclagem na capital.

Para a presidente da Comlurb, Angela Fonti, a prefeitura precisa atacar as causas que levam aos baixos índices de reciclagem. Ela dá razão a Besserman, admitindo que a Comlurb nunca fez uma campanha de incentivo à coleta seletiva de lixo.

— A primeira causa é a própria falta de uma campanha maciça em prol da reciclagem, algo que faremos com recursos do BNDES. A nossa coleta precisa ser bem mais abrangente também. A maioria das pessoas quer reciclar seu lixo, mas nossos caminhões não passam em boa parte das ruas. E precisamos tornar o mercado legal. Às vezes, moradores de um prédio separam seu lixo e, quando o nosso caminhão passa para pegá-lo, o lixo reciclável já foi roubado. Os atravessadores ilegais precisam ser eliminados — diz Angela. — E há uma corresponsabilidade nessa história. As empresas, por exemplo, como determina a Política Nacional de Resíduos Sólidos, precisam se engajar nesse processo.

Envolvimento este que, na avaliação de Angela Fonti, pode ser reforçado por medidas mais simples:

— Nosso cronograma inclui pegar o lixo orgânico e reciclável dentro das casas e dos prédios. Os galpões vão melhorar as condições de trabalho e dar um fim aos atravessadores, que diminuem o ganho dos catadores.

Hoje, o reaproveitamento do lixo acaba dependendo fundamentalmente da figura do catador. Muitos trabalham em condições precárias, inclusive na Comlurb — repórteres do GLOBO flagraram trabalhadores sem luvas dentro da usina do Caju.

Situações como essa levaram o governo federal a cobrar uma ação concreta dos municípios, exigindo que apresentem, até agosto, uma proposta de adequação à lei 12.305, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, aprovada em agosto de 2010. A cidade que não se enquadrar deixará de receber investimentos da União.

— À semelhança de São Paulo e Brasília, o Rio precisa dar uma resposta à questão da reciclagem, porque ela terá um grande poder multiplicador no país. No caso do Rio, essa necessidade aumenta por causa dos grandes eventos que vêm por aí: a Rio+20, a Copa do Mundo e as Olimpíadas. A prefeitura tem até agosto para estabelecer metas concretas de reciclagem — afirma Nabil Bonduki, secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente.

O prefeito Eduardo Paes concorda que o Rio tem de dar o exemplo, mas admite que o caminho é longo:

— Tivemos que sair do abaixo de zero na questão dos resíduos. Antes, tínhamos um aterro (de Gramacho) que poluía a Baía de Guanabara. Inauguramos o de Seropédica e implementamos outras ações importantes, como o decreto que exige reaproveitamento dos resíduos de todas as obras. Só agora poderemos começar a cobrar uma postura mais participativa dos cidadãos.

O envolvimento da população europeia com o tema inspirou a nova legislação nacional de resíduos. A lei determina que os municípios brasileiros joguem em aterros somente o lixo orgânico, ou seja, não reciclável. A meta deve ser atingida até 2014. O engenheiro químico José Carlos Pinto, professor da Coppe/UFRJ, diz que a lei 12.305 traz avanços em termos de conscientização. Mas defende que é preciso ir além:

— O Rio, por exemplo, é um dos grandes produtores de plástico do país. Mas as empresas daqui, ao contrário do que ocorre na Europa, não se responsabilizam pelo destino final desse material.

Para ele, sem um compromisso das empresas, é impossível fazer uma reciclagem à altura dos atuais desafios de sustentabilidade.

— Hoje, esse mercado existe por iniciativas individuais, em que o serviço do catador é feito longe das condições ideais. Mercado cuja base é sustentada por uma relação de trabalho ligada à exploração — diz José Carlos. — Em países como Japão, Canadá e Alemanha, existe a figura do catador, mas a logística da coleta é tão melhor, que o catador, com boas condições de trabalho, tem um peso muito menor na cadeia. Sem as grandes empresas envolvidas nesse processo, não há como implementar um sistema eficiente.

‘O caminhão desapareceu’

A falta de eficiência, na avaliação do chefe da Diretoria Técnica e Industrial da Comlurb, José Henrique Penido, é explicada pela ausência de investimentos maciços dos três níveis de governo.

— Em 1994, chegamos a ter 20 cooperativas de catadores nos bairros. Não restou nenhuma. Reciclagem só dá algum dinheiro para catador de rua. E ferro-velho só sobrevive porque tem gato de água e de luz. O preço do produto reciclado acaba saindo mais caro do que a matéria prima virgem. Sem pesados subsídios do governo, o sistema não vai funcionar — afirma Penido. — Não há mágica. A Alemanha gasta cinco bilhões de euros por ano para implementar um sistema eficiente. O povo alemão está muito satisfeito. E quanto ao Brasil? O país está disposto a investir?

A advogada Leonor Amaral não percebe esta disposição por parte do poder público. Ela lembra que a Comlurb chegou a fazer um “excelente serviço” de coleta seletiva em sua rua, na Praça Seca, em Jacarepaguá:

— Há quatro anos, o caminhão chegava à nossa rua, e os vizinhos, ao verem esse serviço, também se animaram. Começou a faltar e passou a vir só de vez em quando, até desaparecer por completo em dezembro do ano passado. Liguei para a Comlurb, e me informaram que estavam à espera de recursos para reimplantar o serviço em algumas ruas e expandi-lo. Mas o próprio funcionário da ouvidoria me disse que a coleta seletiva é o patinho feio.

 

 

 

 

RJ: Coleta Seletiva Solidária amplia e chega a 45 municípios

A valorização e inclusão social dos catadores de materiais recicláveis e a melhoria da gestão dos resíduos sólidos dos municípios do Estado do Rio de Janeiro são os principais objetivos do projeto Coleta Seletiva Solidária implantado pela Secretaria Estadual do Ambiente – SEA e pelo Instituto Estadual do Ambiente – INEA.
Segundo pesquisa realizada anualmente pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais – ABRELPE, o Rio é um dos estados brasileiros que mais produzem lixo.
Se joga fora, por dia, uma média 1,861 Kg de detritos.
Diante deste cenário, foi elaborado, em 2008, pela SEA/INEA, o Programa Lixão Zero, dentro do Pacto pelo Saneamento, cujo principal objetivo erradicar os lixões do Estado do Rio de Janeiro e, com a coleta seletiva, diminuir o volume de lixo a ser aterrado, aumentando a vida útil dos aterros.
O Programa Coleta Seletiva Solidária já assessora 45 municípios nas seus esforços de implantação da Coleta Seletiva solidária municipal, e desses 13 municípios já implantaram seus programas municipais de coleta seletiva solidária, com a inclusão dos catadores históricos de materiais recicláveis.
O programa é desenvolvido através de oficinas de capacitação e planejamento participativo da Coleta Seletiva Solidária em quatro linhas de ação: gestores públicos municipais, escolas estaduais, órgãos públicos estaduais e catadores.
Nos municípios, as oficinas acontecem uma vez por mês por cinco meses para que a implantação da coleta seletiva solidária seja planejada de modo participativo onde todos os atores envolvidos possam discutir e contribuir para a construção de um programa municipal de coleta seletiva, inclusivo e duradouro.
A próxima capacitação acontece no Município de Miguel Pereira, dia 05/03/2012.
O Instituto vem desenvolvendo políticas de valorização do trabalho dos catadores através de cursos de capacitação e apoio a estruturação dos grupos em cooperativas ou associações.
Segundo a presidente do INEA, Marilene Ramos, desde novembro de 2008, o Instituto vem buscando capacitar os catadores de forma a gerar uma melhoria da viabilidade econômica de seus empreendimentos.
Acontece no dia 22/03/2012 em Angra dos Reis, a próxima capacitação para os catadores, na cooperativa Jabirangra.
Nas oficinas são abordados os seguintes temas:
mapeamento de riscos dos locais de trabalho de organizações de classificação de materiais,
logística – noções para elaboração de projeto de arranjo-físico do processo de reclassificação de materiais recicláveis,
educação previdenciária,
capacitação para cuidados aplicados à creche
e cuidados iniciais em situações de urgência – CISU.

 

 

 

Em casa, basta separar o lixo entre recicláveis e não recicláveis

Papéis sujos, guardanapos usados são considerados rejeito e, portanto, não recicláveis. Veja outras dicas de como ajudar a coleta seletiva

 

O ciclo da reciclagem pode e deve começar em casa. Não demanda tanto esforço e não é necessário ter lixeiras de cores diferentes, para cada tipo de material. De acordo com a gerente de Educação Ambiental da GEAM do Instituto do Meio Ambiente (INEA), Pólita Gonçalves, basta fazer a separação para a coleta seletiva simples: separar os recicláveis dos não recicláveis. Nesse caminho, algumas dúvidas podem surgir, por exemplo, onde jogamos guardanapos de papel sujos? E o copo de plástico sujo de cafezinho?)

Segundo a gerente, duas lixeiras são suficientes, pois quando o lixo chegar às cooperativas e usinas de reciclagem uma nova triagem será feita. No lixo orgânico, ou úmido, devemos depositar os restos de alimentos, cascas, ossos, pó de café e chá. De acordo com Pólita, uma alternativa para o lixo orgânico é a criação de composteiras, em casa, para transformar os resíduos orgânicos como cascas de legumes e frutas em composto.

Já no local de lixo seco depositamos todos os materiais possíveis de serem reciclados, como latas, plástico, vidro e papel. Nesse processo é importante que embalagens sujas de alimentos, como um pote de margarina ou caixa de leite, sejam enxaguados antes de irem para a lixeira.

Embalagens de caixas de leite, de suco (Tetra Pak) também são recicláveis. “Basta abri-las, lavá-las, acondiciona-las na lixeira de recicláveis e encaminha-las para a coleta seletiva”, diz Pólita. Segundo a especialista, papeis sujos de comida são considerados rejeitos e, portanto, não são recicláveis, devem ser depositados para os aterros sanitários.

De acordo com Pólita, é importante verificar se no município existe um programa municipal de coleta seletiva, e descobrir o dia que o caminhão passa para buscar os recicláveis. A dica da gerente é levar o material separado às cooperativas e organizações de catadores do bairro. Algumas iniciativas como o site Rota da Reciclagem apontam 3.400 postos de coleta, usinas e cooperativas, quel recebem materiais recicláveis em todo Brasil.

Já o óleo de cozinha deve ser separado e não deve ser despejado na pia, ele polui e degrada o meio ambiente. O ideal é que ele seja armazenado em uma garrafa , como a pet, bem vedada, e então entregue em algum posto de coleta. Pólita afirma que a separação de recicláveis é importante para que os demais resíduos voltem para seu ciclo produtivo. “É fundamental que eles sejam encaminhados para a reciclagem ou reutilização”, ressalta.

http://redeglobo.globo.com/globoecologia/noticia/2011/12/em-casa-basta-separar-o-lixo-entre-reciclaveis-e-nao-reciclaveis.html

 

EVENTOS ANTERIORES

 

RECICOLETA DEP. DE RECICLÁVEIS RJ LTDA
Rua Sete de Março, 232 - Bonsucesso
Rio de Janeiro - CEP: 21043-030
Contato: Paulo Ribeiro Tel: (21) 9214-9474

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Acredito que vivemos em um processo de mudança e de conscientização da sociedade, que não tem volta, felizmente! No entanto, fazer parte desse grupo vanguardista é um desafio já que temos que aprender na prática. Mesmo assim, encaramos esse desafio como uma oportunidade de provocar grande modificação comportamental das pessoas e das corporações.